domingo, 30 de maio de 2021

Desespero Exacerbado

Estou caindo.

A velocidade é cada vez maior.

Vento violento.

Sabor de morte.

Choque interno, paralisação.

Não consigo acordar.

Não consigo respirar.

Luz intensa.

Ausência de um baque seco.

O plano cartesiano apenas gira.

Escuridão.

A gravidade me puxa para cima.

Dor substancial.

Leveza indescritível.

Fora do meu corpo, eu mergulho no vazio.

Nada pode matar esse sentimento.

Temperatura próxima do zero absoluto.

Agora posso contemplar toda essa ilusão.

Será que eu ainda estou vivo?

Estou cada vez mais próximo do infinitesimal.

Se as estrelas caíssem do céu agora, só me prometa que você estará do meu lado.

Olhe ao seu redor, veja as cores perdendo sua saturação.

Veja o mundo arder e desmoronar.

A corrupção contaminou a todos, só me diga seu preço.

Baleado pela ingratidão.

Simplesmente por proteger a idoneidade.

E é neste momento que eu caio de joelhos.

Tenho um ataque de pânico e choro.

O caminho é escuro e estou sozinho.

Agora estamos todos mortos, e a única coisa que nos resta são lembranças dolorosas.

Toda a piedade escorreu por este vórtice de sangue.

Passei a acreditar no inferno.

E por todo esse tempo eu não entendi que nós somos os demônios.

Agora vejo que estamos dormindo no inferno.

Estamos trabalhando no inferno e abraçando os demônios.

Os demônios matam os demônios, direta e indiretamente.

Exponencialmente nojento.

Tudo que vejo é sangue.

Sangue, muito sangue.

Mar de sangue, terra da miséria.

O céu está cinzento.

O vento frio assopra as mentiras a esmo.

Cada lágrima que deixo cair evapora antes de tocar o solo.

Se eu voar pelo vazio infinito, vou me deteriorar.

Mas o peso do negativismo é forte demais.

Tire seu capuz, erga sua cabeça, veja a realidade que te cerca.

Será que podemos fugir dela para sempre?

O infinito é tão complexo, tão impressionante.

O desconhecido é tão assustador, tão devastador.

Estou aqui, ajoelhado, com o pescoço cortado.

Só anseio com todas as minhas forças pela morte.

A morte eterna da consciência, a ausência de qualquer noção inteligente.

Só quero o silêncio, a escuridão.

Só quero o fim do sofrimento; para todos.

Nas mais sinceras palavras de alguém cansado de tudo.