sábado, 5 de janeiro de 2019

05/01/2019

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Hoje está um dia frio e chuvoso. Desembainho a minha a espada, seguro o meu escudo com força; coloco o meu arco nas costas, confiro a minha aljava.
Respiro fundo o ar gelado, analiso a situação, faço uma prece ao deus criador deste mundo.
Na minha frente, rochas vulcânicas deformadas moldam a passagem. As chamas roxas são geladas, mas inexplicavelmente elas abrem o espaço-tempo como se ele fosse uma simples cortina.
Me lanço no esquecimento eterno ao som perturbador que é uma mistura do natural com o sobrenatural. Minhas pálpebras estão tão pesadas, tenho medo de abrir os meus olhos.
Instantaneamente eu sinto uma brusca mudança de temperatura, sinto o cheiro podre do enxofre.
Tento dominar o meu medo, o calor insuportável me faz começar a transpirar.
Olho para os meus pés, abaixo deles há uma construção milenar.
Tijolos vermelhos e quentes erguem o império do mal.
Construído com muito sangue, fogo e sofrimento, eu posso sentir algo inexplicável.
Toda a energia maligna canalizada dentro do meu corpo, ouço o lamento dos fantasmas.
Estou no lugar que não existe no imaginário, o limite entre o insuportável e a morte.
Um grande oceano de lava borbulhante, o som da tortura ecoa sem intervalo.
Tudo parece uma grande caverna quente, nascentes de lava, demônios grotescos caminhando livremente, um  cheiro de morte paira no ar; este lugar não é da Terra.
Caminho cautelosamente, cada passo é um lágrima que escorre, mas evapora antes de chegar ao solo.
Vejo esqueletos carbonizados possuídos por demônios que não conhecem a misericórdia, seu objetivo é matar qualquer um que se aproxime dos baús de tesouro.
Os calabouços escuros e independentes utilizam uma magia tão antiga quanto o próprio Universo para criar cada peça do exército do mal.
Um labirinto gigante que surpreende o seu conceito de perigo.
A cada segundo que passa eu fico mais deprimido, fico com mais medo, fico com mais ódio.
Faço todos os monstros que me atrapalham conhecerem o fio da minha espada, chego no grande salão.
Um lugar iluminado por tochas, uma grande estrela desenhada grotescamente no chão; eu vejo um grande trono.
Ali jaz o criador de todos os sentimentos ruins. Um ser indescritível, a face da morte.
Não sei como descrever muito bem, mas ele parece o Godzilla do Inferno.
O seu tamanho, peso, forma, temperatura, força e poder são coisas absurdas.
Ele me diz palavras que são impossíveis para um ser humano pronunciar.
Nas paredes manchadas eu posso ver a sombra dos três chifres.
Travo uma batalha sangrenta contra o chefe deste lugar.
Puxo com força a corda do meu arco e disparo.
Flechas no chão, flechas na parede, flechas na cara dele.
Ele me amaldiçoa e cospe fogo.
Ele bate suas grandes asas e desvia dos ataques, grita sons em alta frequência.
Enfio a espada com toda a minha força na pele rígida dele.
Ele responde com gritos graves e uma patada no meu corpo.
Sou arremessado para a parede, caio no chão e respiro ofegante; meu suor escorre por cada centímetro do meu corpo.
Fico atordoado, mas vejo flashes do passado, vejo o meu treinamento na Terra.
Ele acerta a sua cauda cheia de spikes sobre mim.
Sou arremessado perto da janela e caio sangrando.
Não consigo me levantar, mas uma luz se acende, sinto uma presença gelada, uma voz que não entendo.
Esta presença me dá forças, sinto minha mente acelerada.
Levanto do chão, seguro com força a minha espada.
Palavras malditas invocam demônios para me distrair.
Corto cabeças, me desvio do fogo.
Meus ouvidos começam a sangrar graças aos gritos irritantes.
Faço movimentos complicados e rápidos que me desviam da morte.
Ele continua invocando os piores seres que a mente humana pode imaginar.
Três fantasmas me causam dano enquanto desvio da grande cauda.
Demônios incandescentes me mutilam.
Mato todos eles.
O grande chefe se agacha para me morder, mas pulo sobre ele e enfio a espada no seu terceiro olho.
Ele dá um grito ensurdecedor.
O grande mago me disse que ferir o terceiro olho vai deixá-lo atordoado.
Ele se debate violentamente, mas começa a ficar atordoado.
Tiro vantagem e faço um grande corte na sua garganta.
Ele cai, mas meu corpo usa os sentimentos ruins como combustível e não consegue parar.
Arranco com muita dificuldade a sua cabeça fora, parece que o dono da morte acaba de conhecer a morte.
Coberto de sangue, eu me sinto abençoado.
O lugar todo treme, as estalactites quentes começam a cair perfurando qualquer coisa que esteja no seu caminho.
Estou quase sem vida, sangrando, fraco, machucado, ofegante e queimado.
A vitória tem um sabor único.
Pego a chave que me leva até o fim do Universo. Rastejo para fora.
Escorado nas paredes vermelhas eu sigo para casa.
Piso na superfície quente, os cristais refletem o brilho do fogo.
Assim como a maré do mar sobe, o oceano de lava começa a subir consumindo tudo.
A fortaleza desmorona, as rochas caem, os demônios berram de desespero.
É como se fosse o interior de um grande vulcão.
O salão da maldição foi amaldiçoado.
Vejo uma luz roxa se apagando, é a luz da salvação.
Me lanço no portal para a Terra, viajo instantaneamente centilhões de quilômetros pelo vácuo do Universo.
Então agora o esquecimento está esquecido.

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